Há alturas em que a economia parece uma ciência oculta, longe da ciência social que é e nos antípodas da ciência exacta que muitos pensam erradamente que é. Este é certamente um desses momentos. Crises graves que (quase) ninguém previu, previsões revistas todos os meses, performances que surpreendem pela positiva seguidas de um novo abismo logo ali à frente, curas que parecem ir matar o doente mas que quase toda a gente diz que são necessárias e urgentes, agências de rating que falharam escandalosamente mas que continuam a ser uma das bíblias dos mercados, banqueiros a defenderem que a solução passa pela redução do crédito, que é a sua principal fonte de receitas... A lista de factos insólitos ou contraditórios - na verdade, muitos deles só aparentemente são insólitos ou contraditórios - podia continuar.
Ainda assim, no meio deste nevoeiro cerrado há algumas coisas que conseguimos ver com nitidez. Uma é que, em Portugal, a economia vai, sobretudo por más razões, continuar a dominar a vida colectiva e individual nos próximos anos. A outra é que a economia é demasiado importante para que o seu entendimento fique reservado aos economistas. Estes são os motivos abreviados que definem a principal razão de ser deste blog: a descodificação e a contextualização da economia, do mundo dos negócios e afins.
Uma missão que se tentará cumprir sem recurso ao "economês", sem contaminação político-partidária e livre de catecismos ideológicos. Com uma ressalva, para quem considera esta uma matéria ideológica: aqui defende-se a economia de mercado regulada pelo Estado. Como Churchill disse da democracia, também a economia de mercado é o pior dos sistemas económicos, à excepção de todos os outros que vão sendo testados de tempos a tempos.