1- A Moody´s veio dizer é que é alta a probabilidade de Portugal não conseguir pagar a sua dívida. Fraca novidade, cruzando a taxa de juro com a taxa de crescimento económico prevista para os próximos anos. Dois cenários:
- Se se aplicar a Portugal a receita que está desenhada para a Grécia, é isso mesmo que acontece: prolongam-se prazos, obrigando os credores privados a "voluntariamente" renovarem os créditos cada vez que vence um empréstimo.
- Em alternativa, ou cumulativamente, o país pode recorrer a um segundo pacote de ajuda internacional. O insuspeito Silva Lopes disse na segunda-feira (antes, portanto, do anúncio do downgrade da Moody´s) que as contas que faz não deixam dúvidas da necessidade desse segundo pacote. Também neste caso o cenário de fundo é o país não conseguir, só por si, financiar-se no mercado de forma a poder respeitar os seus compromissos.
2- Não se entende que os que defendem que Portugal devia reestruturar a dívida já critiquem simultaneamente a descida do rating. No fundo, o que a Moody´s está a dizer é o mesmo, com uma diferença: eles defendem essa via como uma opção voluntária e a agência de rating como uma probabilidade futura.
3- Nada disto ilude os problemas que se colocam na actividade das agências de rating, como os conflitos de interesses, a visão americanizada e mais céptica em relação à moeda única, a fraca concorrência, a falta de regulação e, no caso presente, um timing do downgrade português difícil de entender pela falta de dados novos.